Escrito por: Diego Arrebola - Best Brazilian Sommelier 2012, 2016 & 2018
O vinho rosé está em voga entre uma fatia importante do público consumidor. Aliás, há vários anos a popularidade desse estilo particular de vinho cresce de forma sustentada, talvez reforçada em tempos recentes pelo advento das redes sociais, onde a linda coloração, as garrafas artisticamente concebidas, além do envolvimento de celebridades da música e do cinema, fazem com que o vinho rosé seja uma escolha técnica, por sua qualidade e versatilidade, e também uma escolha aspiracional, ligada à percepção de um estilo de vida em particular, ao seu consumo.
Trata-se, fundamentalmente, de mais um sucesso de comunicação e construção de marca dos franceses, que assim como com o Champagne, lograram converter a região mediterrânea da Provence e seus rosés delicados, frescos e vibrantes em referência global, e as marcas locais em sucesso absoluto nas cartas de vinhos de restaurantes, resorts e nas redes sociais de influenciadores e celebridades.
O espumante e vinho rosé
Ainda que todos os aspectos mencionados sejam válidos como motores do sucesso e do aumento do interesse do consumidor, é claro que sem vinhos atraentes e de qualidade nada disso é possível. Afinal, a propaganda pode até estimular o desejo e o interesse, mas é a qualidade da experiência que gerará engajamento e fidelização, levando a pessoa a buscar outra degustação.
Esse fenômeno acabou por atingir também os vinhos espumantes. Tradicionalmente, espumantes rosés são mais estruturados do que os brancos, com mais corpo e presença de boca. No entanto, a demanda e o sucesso de rosados leves e descomprometidos levam a cada dia a produção de mais espumantes rosés nessa linha, priorizando frescor e leveza.
Claro que é de grande ajuda a versatilidade desse estilo de vinho; rosés são vinhos que permitem ampla gama de harmonizações, com leveza, delicadeza e frescor. É possível pensar em acompanhamentos semelhantes ao de vinhos brancos, mas com algo a mais em seus elementos estruturais que lhes conferem as características necessárias para fazerem frente a pratos de maior corpo, incluindo algo de caças e carnes vermelhas.
Particularmente, encanta-me utilizar vinhos rosés na harmonização com pratos que têm como base carne vermelha crua, como Carpaccio, Carne Cruda e Kibe Cru, além de tartares de pescados e/ou frutos do mar. Eles são ótimos com pratos baseados em vegetais, como um Ratatouille, ou pratos baseados em berinjela. Enfim, dá para fazer muita coisa com um bom vinho rosé!
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Vinho rosé: como são elaborados
Hoje falaremos especificamente da elaboração dos vinhos rosés e de como eles são feitos. É importante destacar que mesmo dentro da categoria há variações, ainda que os rosés de estilo “provençal”, leves, frescos e de coloração delicada dominem, a categoria contempla vinhos com mais cor, corpo, estrutura e, em alguns casos, com passagem por barricas e longo potencial de guarda, mas é fato que se trata de um vinho altamente técnico, no sentido em que sua produção demanda atenção e competência do enólogo.
Vinho rosé: o visual dos vinhos
A cor dos vinhos vem, em geral, das cascas das uvas; a maioria das uvas tintas tem a polpa branca, assim como as uvas brancas, logo um vinho que seja elaborado sem a presença das cascas durante a fermentação será a princípio um vinho branco, ainda que feito com uvas tintas. E os rosés? São feitos com uvas rosadas, aquelas de coloração menos intensa? Até pode ser, mas normalmente não é assim.
Vinhos rosés são usualmente elaborados a partir de uvas tintas. O que muda, para que eles não acabem como vinhos tintos, é o tempo de maceração, ou seja, quanto tempo o mosto fica em contato com as cascas. Na produção de vinhos tintos, as cascas permanecem em contato com o mosto pelo menos até o final da fermentação, o que pode levar semanas, enquanto no vinho rosé esse tempo é de poucas horas, às vezes nem isso.
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Vinho rosé: os 4 métodos de elaboração
São quatro os métodos possíveis para a elaboração de vinho rosé:
1 - Prensa direta
2 – Blend
3 - Sangria
4 - Maceração atenuada.
As diferenças entre eles, que explicaremos a seguir, estão ligadas ao contato das cascas com o mosto apenas, sendo todos os demais aspectos da vinificação similares ao que ocorre na produção de brancos ou tintos.
1 - Prensa direta
O que seja talvez o mais simples é o da prensa direta. Nesse método, as uvas tintas serão prensadas diretamente antes da fermentação, não havendo nenhum tempo de maceração, ou seja, contato entre as cascas e o mosto.
Porém, a prensagem é um pouco mais intensa, ou com a presença de engaços para “machucar” um pouco as cascas, permitindo alguma extração de cor, o que resultará em rosados de coloração muito pálida e delicada.
2 - Blend
Outro método, igualmente simples, é o blend, que seria a simples mistura entre vinhos branco e tinto. Esse método praticamente não é utilizado na produção de vinhos finos, com uma honrosa exceção, que são os espumantes, inclusive os de Champagne.
Normalmente as uvas tintas utilizadas (Meunier e Pinot Noir) serão vinificadas em tinto e esses vinhos base tintos serão misturados com os vinhos base brancos para a produção do vinho rosé. A técnica é amplamente utilizada em várias regiões produtoras de espumantes, inclusive no Brasil.
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3 - Sangria
A técnica de sangria é muito comum, pois permite, além da produção do vinho rosé, produzir efeitos nos tintos. Aqui as uvas tintas são destinadas à produção de um vinho tinto, porém, após o início da fermentação, retira-se uma parte do mosto, sem as cascas, que será utilizado na produção do vinho rosé.
O mosto que permanece com as cascas, na fermentação do tinto, terá agora uma proporção maior de sólidos em relação ao líquido, o que resultará em um tinto com mais estrutura e cor. Ainda que essa técnica seja economicamente interessante, por resultar em tintos superiores e ainda ter o “aproveitamento” de produzir um vinho rosé, tem o inconveniente que as uvas utilizadas foram pensadas, tratadas e colhidas para a elaboração de um tinto, ou seja, uvas com maior grau de maturação fenólica, o que pode resultar em rosés mais alcoólicos e menos delicados.
4 - Maceração atenuada
Por fim, temos o método da maceração atenuada, onde as uvas foram selecionadas e colhidas para e elaboração de um vinho rosé, com menor maturação, aromas mais frescos e menos álcool. Aqui será feito o controle do tempo de maceração e assim que atingida a coloração necessária será feita a prensagem, seguindo a fermentação de 100% do mosto sem as cascas.
Essa ténica permite o maior controle em relação a todos os parâmetros desejados, bem como vinhos mais frescos e elegantes, sendo o método utilizado pela Salton em vinhos como o Salton Intenso Rosé e Lunae Rosé, e em toda sua linha de espumantes, onde a opção é por não utilizar o blend de vinhos base tintos, mas utilizar uvas pensadas, trabalhadas e colhidas para elaborar um vinho rosé.
Vinhos como o Salton Ouro Brut Rosé, Salton Moscato Rosé ou Salton Prosecco Rosé, que utilizam uvas tintas e brancas, têm as uvas tintas tratadas dessa forma, pela maceração atenuada, entregando vinhos mais frescos de delicados.
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