Quando te perguntam sobre uma uva, que nome lhe vem à mente? Qual a, ou as, primeira casta em que você pensa, como referência em vinhos que você consome no seu dia a dia? Não há dúvidas que para a grande maioria a tendência seja que fiquemos no duo Cabernet Sauvignon e Merlot, especialmente se falamos em vinho brasileiro. Talvez, com algumas menções para a Chardonnay e Sauvignon Blanc, por parte dos amantes de vinhos brancos, além de uma ou outra tinta, como a Syrah e a Pinot Noir. Mas hoje vamos falar da uva Tannat!
Escrito por: Diego Arrebola - Best Brazilian Sommelier 2012, 2016 & 2018
A versatilidade e a variedade das uvas
O ponto central é que, qualquer que seja a resposta, podemos ter uma razoável dose de certeza que essa resposta orbitará ao redor de uma meia dúzia de nomes mais populares e conhecidos, daquelas que convencionamos chamar de castas internacionais, termo com o qual nos referimos às uvas de ampla difusão global, invariavelmente entre as mais cultivadas mundo afora.
Isso é natural, afinal, estas variedades apresentam uma versatilidade e uma variedade de origens que tornaram seus nomes verdadeiras marcas, referências para todos que buscam um porto seguro no mundo do vinho. Junte-se a isso sua boa adaptabilidade, conformando-se a diversos terroirs, sempre mantendo seu caráter e tipicidade varietal.
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As denominações das uvas e suas origens
No entanto, nunca podemos nos esquecer da variedade do mundo do vinho. Parte da diversão está justamente aí, em sabermos que sempre termos um novo sabor para provar, uma nova experiência para descobrir, novas sensações para desfrutar. Ao todo, temos no mundo, em produção comercial, algo entre 1300 e 1400 distintas variedades de uvas; é isso mesmo, tudo isso. Boa parte são castas autóctones e obscuras, praticamente desconhecidas mesmo em sua região de origem, no entanto, há um número bem razoável de variedades que fazem parte das conversas e hábitos de enófilos e profissionais, incluso um número bem significativo daquelas que de uma forma ou de outra ultrapassam fronteiras e encontram novas casas longe de seu lar.
Entre estas, podemos citar como um exemplo emblemático a Malbec, que ainda que não seja amplamente difundida globalmente, tem boa aceitação no mercado, é cultivada em uma variedade de países e ainda acabou por encontrar sua casa em outro solo, distinto de sua origem. Aliás, é justamente o sucesso da Malbec em outras terras, no caso a Argentina, que despertou o interesse de produtores de países como Chile, Austrália, Estados Unidos, entre outros, que passaram a cultivá-la, assim como os próprios franceses de Cahors, sua região de origem, passaram a ter maior facilidade de entrada nos mercados graça ao sucesso de nossos vizinhos.
Uma outra uva que entra nessa categoria, embora de forma um pouco mais modesta, é precisamente nossa estrela de hoje: a uva Tannat, de enorme sucesso no Uruguai e que tem entregado excelentes resultados aqui pelo Brasil também.
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A origem da uva Tannat
A uva Tannat tem sua origem também no sudoeste francês, não tão distante de Cahors, na zona de Madiran. Ali encontramos a primeira menção a casta entre os anos de 1783/84, ainda grafada como tanat, provável referência, no dialeto local, a sua casca muito escura, ainda que a versão mais popular diga que a referência seria a sua abundância de taninos.
Qualquer que seja a explicação correta, é fato que a potência dos vinhos feitos com a uva Tannat é bem reconhecida. Não à toa, foi no Madiran que foi desenvolvida a técnica de micro oxigenação, que consiste na injeção de volumes microscópicos de oxigênio no vinho durante sua maturação, estimulando o “arredondamento” dos taninos, para que tenhamos um vinho mais macio já em sua juventude.
Mas muito além das terras do Madiran, foi do lado de cá do Atlântico que a uva Tannat acabou por encontrar um terroir bem adaptados às suas características, no Uruguai. A cepa chegou em 1870, trazida por um imigrante Basco chamado Pascal Harriague, que plantou o primeiro vinhedo dela próximo a cidade de Salto, 400km ao Norte de Montevidéu. Vale lembrar que a parte francesa do País Basco está ali pertinho do Madiran, sendo a uva Tannat a importante uva tinta da AOC Basca de Irouléguy.
Com o tempo, o clima Uruguaio acabou por mostrar-se muito propício a maturação adequada da uva Tannat, entregando vinhos de grande personalidade, com corpo, estrutura e complexidade, aliados a elegância e bom potencial de guarda. Por fim, a casta é hoje a ponta de lança da promoção dos vinhos cisplatinos pelo mundo, harmonizando de quebra com os tradicionais assados locais.
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A uva Tannat em território brasileiro
A proximidade com o Uruguai, além de algumas similaridades entre clima e solo, acabou por trazer a uva Tannat também para o Brasil, tendo sido sua porta de entrada a Campanha Gaúcha. Reconhecida como IP em 2020, a Campanha Gaúcha é nossa segunda região de produção mais importante, cobrindo um território equivalente à metade de Portugal, aproximadamente. Ali, solos argilo-arenosos nos montes suaves que se estendem a perder de vista pelos Pampas, combinam-se com um clima que é mais quente e seco do que o da Serra Gaúcha, oferecendo condições mais adequadas para o cultivo e maturação de uvas tintas de maturação mais tardia, como é o caso da uva Tannat.
Com mais de 500ha cultivados na região, a uva Tannat produz vinhos que guardam a tipicidade da casta, com estrutura e firme trama tânica, porém algo mais frutados e gentis que os uruguaios, sobretudo por noites frescas que permitem uma maturação mais compassada, preservando frescor mesmo nos anos de mais calor. O grande sucesso comercial dos vinhos ali feitos acabou por chamar a atenção de público, o que obviamente levou nossos enólogos a concentrarem ali suas atenções, inclusive com a Família Salton.
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Conheça o Domenico Salton Campanha Tannat
Já há alguns anos a Salton colocou no mercado a marca Domenico, que tem em seu DNA a proposta de ser uma linha de vinhos abertos a experimentos e novidades. Já no começo o primeiro tinto a ganhar as adegas foi o Domenico Salton Campanha, um delicioso e equilibrado corte entre Marselan e Tannat, lançamento ao qual seguiu-se um Marselan varietal, o Domenico Salton Campanha Marselan. Pois eis que agora chega ao mercado um suculento varietal Tannat, o Domenico Salton Campanha Tannat, justamente da emblemática safra 2020, que ofereceu privilegiadas condições para a maturação de uvas como nunca tínhamos visto por aqui.
A proposta aqui é de um Tannat calcado na fruta, sem passagem por barricas, onde busca-se destacar a exuberância varietal da uva Tannat, destacando seu potencial no terroir da Campanha, uma nova experiência da Família Salton, que você precisa conhecer! Confira o conceito do produto aqui.
Outros rótulos da marca Domenico
Domenico Salton Campanha Marselan
Domenico Salton Campanha Marselan | Tannat
Domenico Salton Giornata