Vinhos espumantes são um grande sucesso no Brasil, entre o público e os críticos. Não se questiona mais a qualidade dos tipos de espumante feitos aqui em nossa terra, como vinhos equilibrados, versáteis para diferentes momentos e harmonizações, além de oferecer usualmente uma privilegiada relação preço/prazer. Mas você sabe identificar os diferentes tipos de espumante?
Escrito por: Diego Arrebola - Best Brazilian Sommelier 2012, 2016 & 2018
Tipos de espumante: métodos de elaboração
São vários os aspectos que permitem a produção de bons espumantes aqui no Brasil, incluindo clima e solo, mas claro que há um peso importante aqui da tradição e dedicação de nossos produtores, que sempre envidaram esforços ao aperfeiçoamento de nossa produção de vinhos borbulhantes.
Considerando a longa história de 10 mil anos que o vinho tem, os vinhos espumantes são jovenzinhos, com apenas cinco séculos de história. Ainda que a produção do gás carbônico, que compõe as bolhas do espumante, seja natural do processo de fermentação, foi apenas no séculos XVI, com a popularização do uso de garrafas, que estas puderam ser retidas no vinho de forma proposital e controlada, originando os vinhos espumantes como conhecemos hoje.
A palavra-chave aqui, quando falamos conceitualmente de vinhos espumantes, é justamente “retida”. Ainda que seja possível produzir espumante gaseificados, vinhos onde o gás é injetado, da mesma forma que na fabricação de outras bebidas, serão mais leves, frescos e descompromissados, para consumo no dia a dia sem grandes pretensões.
Via de regra, sempre que falamos em vinhos espumantes, falamos objetivamente daqueles que tem o gás retido, o mesmo gás que foi produzido na fermentação, originário, portanto, do próprio vinho.
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Os diferentes tipos de espumante
Agora, além de conhecer e desfrutar de bons vinhos espumantes, você conhece os diferentes tipos desse vinho? Sabe as particularidades de sabor e produção de cada um deles? Pois bem, hoje é justamente disso que conversaremos, para que você possa conhecer melhor e assim apreciar o seu vinho espumante.
Todo vinho espumante inicia sua vida como um vinho tranquilo, que é como nos referimos aos vinhos sem gás; e esse já é um ponto bem importante de destaue: vinho espumante é VINHO! Não se trata de uma bebida diferente, de outra categoria, mas sim de vinho, logo, todos os rituais de serviço, aspectos da degustação técnica e objetiva, bem como as possibilidades de harmonização aplicam-se aqui. Então, já com isso em mente, seguiremos para os tipos de espumante de modo específico.
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Os tipos de fermentação
Dividimos os vinhos espumantes em dois grandes grupos, aqueles fermentados em garrafa e aqueles fermentados em tanque. Essa distinção leva em conta o local onde ocorre a tomada de espuma, os seja, onde o vinho vai adquirir suas borbulhas. Como disse antes, todos os de espumante vão começar a vida como vinhos tranquilos, nos quais as uvas serão colhidas, selecionadas, transformadas em mosto e então fermentadas, produzindo assim o vinho.
Os dois métodos principais de produção são o método tradicional, ou clássico, ou Champenoise, com fermentação em garrafa, e o método Charmat, ou Martinotti, com fermentação em grandes tanques de inox, chamados autoclaves. Em ambos os métodos, a tomada de espuma tem como base um vinho tranquilo seco, ou seja, as uvas usadas em sua produção fermentaram totalmente, produzindo um vinho sem gás e sem açúcar residual e é este vinho que será utilizado na segunda fermentação.
Para a segunda fermentação, esse vinho base seguirá para o recipiente em questão, seja ele garrafa ou tanque, onde serão adicionadas leveduras e açúcar. Sim, açúcar, senão não há fermentação! Lembre-se que a fermentação é justamente o processo no qual as leveduras consomem o açúcar do mosto e produzem álcool e gás carbônico; como o vinho base é seco, já não há mais açúcar disponível para a fermentação, sendo necessário o acréscimo dele.
A quantidade de açúcar utilizada é cuidadosamente calculada, de forma a garantir que seja produzida a quantidade exata de gás sem que ocorra nenhum acidente pelo excesso de pressão. Essa segunda fermentação, assim como a primeira, acontece usualmente com temperatura controlada, para que ela seja lenta e delicada, produzindo assim bolhas e aromas mais sutis e delicados. A principal diferença gustativa entre os vinhos feitos por um método ou outro será consequência do próximo passo, que é o período de estágio do vinho com as borras finas que restam da fermentação, ou seja, o tempo que o vinho permanece “sur lie”.
Quer descobrir o que é "Sur Lie"? Confira em nosso artigo.
Quando o açúcar adicionado acaba, a fermentação para e as leveduras morrem, sem alimento disponível; essas leveduras formarão então um depósito de borras no fundo do recipiente. Quando o vinho, agora já espumante, permanece algum tempo em contato com essas borras, acontece um processo que chamamos de autólise, que nada mais é do que a quebra das células das leveduras ali, liberando componentes no vinho que contribuirão com sua textura e aroma. Quanto mais tempo o vinho permanece sur lie, mais cremosidade ele ganha e maior complexidade e intensidade de aromas, sobretudo notas de panificação, biscoito, brioche, típicas desse processo.
Fermentação em tanque
Normalmente, vinhos feitos com a fermentação em tanque passarão apenas alguns dias, ou no máximo poucas semanas, sur lie, pois o foco nesse estilo é a produção de vinhos mais frutados e frescos, enquanto os vinhos feitos pelo método tradicional passarão meses, muitas vezes anos, em contato com as borras, pois o objetivo aqui é justo a produção de vinhos com maior complexidade e presença de boca. Além disso, a proporção entre borra e vinho e a maior área de contato na garrafa favorecem a ocorrência de uma autólise mais intensa.
Embora menos representativos em volume, há ainda dois outros métodos de produção, um em tanque e outro em garrafa, que são o método Asti (tanque) e o método ancestral, ambos métodos onde haverá não duas, mas apenas uma fermentação. Você poderá ler sobre estes métodos mais abaixo!
Veja agora: Curiosidades do vinho: Espumantes, Método Tradicional e Método Charmat
O método Asti
O método Asti tem esse nome em referência aos tipos de espumante doces feitos com a uva Moscato na região do Piemonte, da Itália, e é o método utilizado na produção do Moscatel Espumante aqui no Brasil, com qualidade igual ou muitas vezes superior aos similares italianos; nesse método colocamos o mosto no tanque selado e logo a primeira fermentação já ocorre em ambiente fechado e com retenção do gás. Quando o teor alcoólico está ali entre os 6 e 8% a intensa pressão interrompe o trabalho das leveduras, bastando então a filtração e engarrafamento de um vinho doce aromático, tipicamente fresco e equilibrado, ótimo na harmonização com sobremesas delicadas, queijos variados ou ainda para uso na coquetelaria.
O método ancestral
Já o método ancestral consiste em iniciar a fermentação em recipiente aberto e antes da conclusão dela, quando ainda há açúcar no mosto, colocar o vinho parcialmente fermentado nas garrafas, onde a fermentação seguirá com a retenção do gás. Era um método muito usual no passado, quando ainda não havia a compreensão de todo o processo, e tem sido recuperado hoje por alguns produtores, buscando um estilo mais rústico e tradicional para seus vinhos.
Últimos lançamentos de espumantes da Salton
Salton Lucia Canei
Salton Évidence Cuvée Brut
A sintonia entre as variedades Chardonnay e Pinot Noir compõe o blend que dá origem ao novo Salton Évidence Cuvée Brut. Um espumante brasileiro de excelência, refrescante, cremoso e estruturado, que ressalta as características adquiridas ao longo de 12 meses de contato com borras, fruto da elaboração pelo método tradicional.
Salton Évidence Cuvée Sur Lie
Através da criteriosa seleção especial de uvas Chardonnay e Pinot Noir, Salton Évidence Cuvée Sur Lie é o resultado de cortes e safras únicas. Elaborado pelo método tradicional, sem adição de qualquer licor de expedição (nature).
A novidade faz parte de uma técnica conhecida como Sur Lie, que permite que o espumante permaneça em constante evolução, com as leveduras mantidas na garrafa até você encontrar o momento ideal para a sua apreciação, quando o espumante atingir a sua plenitude. Uma experiência sensorial, sublime e singular.
Domenico Salton Giornata
A 2ª edição de um espumante Domenico Salton Giornata ícone é uma nova jornada, que inicia em uma seleta fração de uvas Prosecco de vinhedos selecionados, primorosamente elaborado em um exclusivo lote de apenas 21.000 garrafas numeradas.
Há tipos de espumante dos mais diversos estilos, certamente um que casa perfeitamente com o seu paladar. E a Salton tem todos eles, clique e confira!