Você já deve ter escutado por aí que vinho faz bem para o coração. Essa afirmação está relacionada aos polifenóis, que são moléculas formadas nas plantas. Nas uvas, são encontrados na casca, sementes e engaço e são responsáveis pela cor, tanino e longevidade dos vinhos.

Existem milhares de tipos diferentes de polifenóis nas plantas e os papéis desempenhados podem variar desde ajudar a criar pigmentos até fornecer proteção contra raios ultravioleta ou predadores e reparar danos físicos. A função do polifenol vai depender das necessidades específicas de cada tipo de planta.
Tanino é um dos polifenóis presentes na uva e do vinho. Leio o artigo e entenda melhor o que e tanino!
A quantidade e a variedade de polifenóis também variam de acordo com a uva. Algumas castas contêm níveis mais altos de alguns tipos de polifenóis do que outras. Variedades que originam vinhos de cor escura e tânicos têm um teor de polifenóis acima da média, como o caso da Tannat, Marselan, Nebbiolo, Petit Syrah, Sagrantino (nativa da Úmbria) e Oseleta (do Vêneto).
O local onde a uva é cultivada interfere diretamente no teor de polifenóis. O tipo de solo, variações climáticas (temperatura, chuva e umidade) e outros efeitos biológicos (fungos, inseticidas e fertilizantes) afetam as quantidades de polifenóis que uma planta precisa produzir. Plantas que passam por deficiência hídrica têm redução de polifenóis, por outro lado, a exposição das cascas da uva à luz solar favorece alguns polifenóis.
Saiba o que é terroir e como ele interfere no vinho
O momento em que as uvas são colhidas também pode desempenhar um papel fundamental nos níveis de polifenóis. À medida que a fruta amadurece, os polifenóis diminuem.
Polifenóis no vinho
O processo de vinificação utilizado será responsável pelos polifenóis presentes no vinho finalizado. O tipo de levedura que participa da fermentação e se os sólidos da uva estão presentes no processo de maceração são alguns fatores que alteram a composição fenólica do vinho pronto.
Leveduras do vinho - qual a sua função?
O tinto é o tipo de vinho que apresenta a maior carga de polifenóis, pois o seu processo de produção envolve um contato prolongado com as cascas das uvas, onde está a grande carga fenólica da fruta. Esses vinhos tendem a conter muito mais polifenóis do que os vinhos brancos. Uma garrafa de vinho tinto contém aproximadamente 1,8 g/L de polifenóis totais, enquanto uma de vinho branco contém apenas 0,2 g/L a 0,3 g/L de polifenóis totais.
Estudos apontam que vinho branco de maceração, os famosos laranjas, podem ter até cinco vezes mais carga de polifenóis do que um vinho branco elaborado pelo método comum de vinificação. Isso acontece, pois o branco de maceração passa por um processo semelhante ao do vinho tinto e mantém contato prolongado com a casca.
Entenda mais sobre o vinho branco de maceração
Efeito dos polifenóis do vinho na saúde
Os polifenóis, que estão presentes em grandes quantidades no vinho tinto, neutralizam o potencial efeito pró-oxidante do álcool. Ou seja, os efeitos antioxidantes desses fenóis contrariam a atividade pró-oxidante do álcool.
Os antioxidantes são moléculas protetoras dos efeitos nocivos da oxidação, que é a quebra de moléculas de oxigênio causada por influências externas, como metabolização de alimentos e exposição à poluição. Essas reações químicas geram radicais livres, que podem levar ao envelhecimento, doenças inflamatórias e até câncer.
Embora os polifenóis derivados do vinho sejam saudáveis, não há recomendações oficiais para o consumo dietético diário de vinho.
Vinho tinto e o resveratrol
O resveratrol é um dos polifenóis encontrados no vinho. Ele é produzido naturalmente em nas plantas em resposta a uma situação de estresse, como dano físico, invasão de parasitas ou condição climática extrema.
Como o resveratrol é encontrado na casca das uvas, o método de vinificação determina a concentração do polifenol no produto final. Os vinhos tintos apresentam maior concentração de resveratrol do que os brancos. Tintos provenientes de uvas com períodos de maturação mais longos apresentam um teor ainda maior, assim como uvas cultivadas em altitudes elevadas e uvas provenientes de clima frio.
A Pinot Noir é a variedade com a maior concentração de resveratrol. Cabernet Sauvignon e Malbec possuem quantidades significativas de polifenol.
Entenda mais sobre o processo de vinificação
Resveratrol faz bem para a saúde
Esse é o polifenol do vinho mais estudado por sua capacidade em proteger a saúde humana. Há evidências científicas de que o resveratrol pode ajudar a combater doenças neurodegenerativas, como Alzheimer; evita o desenvolvimento do diabetes tipo 2, regulando a insulina; combate doenças cardiovasculares e diminui o colesterol ruim e aumenta o colesterol bom.
Outro efeito do resveratrol que está em constante pesquisa é sua função em combater células cancerígenas. O resveratrol vem se mostrando promissor no tratamento a diversos cânceres, inibindo o crescimento de células doentes. No Brasil, a Universidade Federal do Rio de Janeiro desenvolve uma pesquisa que busca identificar como o resveratrol contido no vinho tinto pode diminuir a viabilidade de células cancerosas, especialmente as relacionadas ao câncer de mama.
Uma taça de vinho por dia faz bem para a saúde
A associação do consumo de vinho com a saúde está totalmente conectada com a presença dos polifenóis. Essas substâncias têm efeitos antioxidantes e apresentam uma série de benefícios ao organismo. Diferente de outras bebidas alcoólicas, como cerveja e destilados, que não possuem polifenóis.
Alguns médicos e pesquisadores defendem que consumir uma taça de vinho por dia, ou até 250 mls, pode trazer alguns benefícios, como reduzir a formação de cálculo renal, prevenir gripe, proteger o coração e melhorar o fluxo intestinal. Mas vale reforçar que o consumo exagerado de álcool pode aumentar a pressão arterial e o risco de derrame cerebral. Por isso é de extrema importância beber com moderação. Caso você tenha alguma restrição ou problema de saúde, consulte seu médico para saber qual a sua dose segura de consumo diário de bebida alcoólica.
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